quinta-feira, 28 de agosto de 2008

“Vida” após a morte?


Existe “vida” após a morte?


Acredito que só existam duas escolhas possíveis:

1- Quando morremos tudo termina, fim.
2- Continuamos existindo em algum estado de consciência (espírito, alma, etc.).

Não existem evidências que possa comprovar qual destas opções é a mais correta, mais de fato, dos 6.7 bilhões de habitantes hoje na terra a maioria prefere optar pela segunda opção.

Com base em 2001, a religião no mundo:

1 Cristianismo.......2.106.962.000 41,43%
2 Islamismo..........1.283.424.000 25,23%
3 Hinduísmo............851.291.000 16,74%
4 Religiões chinesas...402.065.000 7,91%
5 Budismo..............375.440.000 7,38%
6 Skihismo..............24.989.000 0,49%
7 Judaísmo..............14.990.000 0,29%
8 Espiritismo...........12.882.000 0,25%
9 Fé Bahá’í..............7.496.000 0,15%
10 Confucionismo.........6.447.000 0,13%
.............Total=5.085.986.000 100,00%


O ponto principal é, poderia a consciência não ser apenas uma conseqüência da atividade cerebral, ou seja, apenas uma propriedade física do cérebro?

Não, segundo a ciência, baseada nas leis de causa efeito e apoiado em alguns experimentos que puderam ser realizados ate agora, sugerem uma teoria puramente física, em analogia pode-se dizer que a consciência é como um programa, um softer, rodando em um hardware o cérebro, se o hardware for destruído o softer ou a consciência, simplesmente deixa de existir.

Porem há vários relatos documentados de forma cientifica que levantam duvidas pelo menos em parte sobre esta teoria, como exemplo o estudo dos casos de Experiências de quase-morte-EQM e o estudo desenvolvido pelo Dr.Ian Stevenson - Vidas passadas ,levam a uma reflexão de que a teoria proposta pela ciência atual não esteja completa, assim como a mecânica newtoniana, que parece explicar a física da vida diária, foi apenas a investigação de circunstâncias extraordinárias, envolvendo distâncias, velocidades ou massas, extremamente pequenas ou grandes, que revelou os limites do modelo newtoniano e a necessidade de se desenvolver modelos explicativos adicionais. Isto também se aplica à questão da compreensão do relacionamento consciência-cérebro. Desde Galileu e Newton, os físicos apresentaram novas idéias, das leis da termodinâmica e movimento, passando pela relatividade geral e mecânica quântica até o Big Bang e as teorias de supercordas de hoje, há muita coisa por descobrir, uma teorias puramente especulativas mais interresante como a da consciência quântico é uma tentativa da ciência em descobrir um modelo explicativo adicional relacionado a nossa consciência.

A única certeza, em relação a esta questão, é que não existe certeza, apenas possibilidades, apoiadas pela fé na ciência e em nossa criatividade de perceber o que ainda não pode ser entendido cientificamente.


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Apoiando a opção 1.

http://tyrannosaurus.wordpress.com/2008/04/30/alma-e-vida-apos-a-morte/

Este artigo procura analisar de maneira resumida a natureza/existência da alma e a possibilidade de “vida” após a morte.
Antes de conjeturar a existência da alma e o que acontece com alguém após a morte, se faz necessário definir e investigar conceitos e entidades que são essenciais em tal análise, como consciência, vida, alma.

A Consciência

A consciência [1] é uma qualidade da mente que inclui capacidades como subjetividade, auto-consciência e a habilidade de perceber a relação entre si próprio e o ambiente. Com a consciência temos o poder de perceber a existência do mundo e a nossa própria existência como indivíduos.
Para efeito deste artigo consciência e auto-consciência serão tratadas como algo unitário.
Pesquisas a respeito da consciência revelaram duas importantes descobertas:
- alguns animais aparentam possuir auto-consciência; [2]
- crianças pequenas (menores que 15-20 meses) não aparentam possuir
auto-consciência; [3]

Esses resultados levam à conclusão de que a auto-consciência surge / se desenvolve conforme o cérebro aumenta em complexidade, ou seja, o cérebro adquire auto-consciência quando ultrapassa um limiar na complexidade das conexões nervosas e do aprendizado e, portanto, a auto-consciência é uma função cerebral. Assim, a consciência é um estado que surge (acontece) quando existem condições para isso. Como analogia podemos compará-la a um motor em funcionamento: trabalho, rotação, força, torque acontecem quando o motor funciona; estas cessam quando deixam de existir condições para o funcionamento do motor (término do combustível, defeito mecânico, etc). Sendo assim, não cabe a pergunta “para onde vão as rotações do motor quando ele pára?”, pois elas não vão, elas simplesmente cessam, deixam de existir. Similarmente, algum dano cerebral pode fazer com que deixem de existir condições para o acontecimento da consciência. Durante o sono ou o coma reversível, a consciência cessa de maneira controlada, ela pode voltar quando houver condições para isso.Essa conclusão vai contra teorias[4], baseadas em depoimentos de experiências de quase-morte, que supõem que a consciência é exterior ao corpo e portanto sobreviveria à morte. Se a auto-consciência é uma função cerebral, isso significa que deixará de existir quando ocorrer a morte. As conseqüências desta conclusão são importantes na análise quanto à possibilidade de “vida” após a morte. (A título de curiosidade, uma das conseqüências desta conclusão é a previsão de que a auto-consciência poderá surgir / se desenvolver num cérebro artificial[5]).

O Que Caracteriza o Eu

O que sou eu? Ou seja, o que define “eu” de tal maneira que se algo se modificar eu não seja mais reconhecível aos que me conhecem ou a mim mesmo?Algumas filosofias afirmam que “nós não somos este corpo”, isto porém não pode ser verdade: a primeira coisa que somos é justamente este corpo. O que eu sou é primeiramente determinado pelo meu DNA, formado por genes de antepassados, em segundo lugar o local, a época e a sociedade onde nasci e cresci. São conseqüências do meu genótipo a minha aparência, meus gostos, minha maneira de pensar.
Em resumo eu sou:

a) Corpo

Construído de acordo com meu DNA, me confere a aparência que tenho. Se tivesse outra aparência teria uma personalidade diferente. Tanto é assim que se um acidente altera o rosto de uma pessoa ela normalmente deve fazer psicoterapia para evitar uma perda de identidade.

b) Memória

Na memória estão minhas experiências pessoais, tudo que vi e aprendi sobre tudo. A história da minha vida também me fez como sou. Se por doença ou senilidade eu perdesse a memória deixaria de ser quem sou, seria um estranho para os que me conhecem.

c) Consciência

Meu DNA e minhas experiências de vida formam minha personalidade e minha individualidade percebidas pela minha auto-consciência. Sem consciência eu seria apenas um vegetal. O “eu” é minha própria consciência. A personalidade também é afetada, e até certo ponto determinada, por substâncias químicas presentes no cérebro, hormônios como o estrogênio e a testosterona, demonstrando que a personalidade é produto do DNA, do corpo, do meio-ambiente. Os sentimentos podem ser gerados e controlados também por substâncias químicas. Pensamentos, raciocínio, sentimentos existem somente enquanto existe a consciência e o cérebro. Toda a atividade mental, enfim, depende da existência de um corpo.

A Alma

Não existe unanimidade no entendimento do que seria alma, de maneira geral existem dois pensamentos:
I) alma seria aquilo que dá vida (anima) à matéria (corpo) - Animus;
II) alma seria algo que se julga continuar vivo após a morte do corpo - Espírito;
Mais adiante serão analisadas as duas hipóteses.

Vida

A vida é normalmente definida como o “fenômeno que anima a matéria”.Considerando-se que duas células vivas dos pais se juntam para formar uma nova célula também viva, é quase forçoso supor a vida como algo que é transmitido, algo que vem junto com os gametas dos pais. Numa analogia, vida é como a chama que passa de uma vela para outra. Se assim é, vida não é algo que vem de fora e “entra num corpo”. E na morte, a vida, presente em um determinado ser, se extingue. Dessa maneira, não cabe a pergunta “para onde vai a vida”, pois ela simplesmente se extingue, deixa de existir. [6]Portanto se alma existe, ela não é aquilo que nos dá vida (hipótese I acima).

Vida após a Morte

Quando eu morrer meu corpo será destruído, nenhuma dúvida quanto a isso. Se parte do que sou desaparece isso significa que na eventualidade de existência de algo após a morte eu não serei eu integralmente.A memória, embora ainda não se conheça seu completo funcionamento, é uma função cerebral, nesse caso também será destruída com a destruição do cérebro.A consciência, conforme visto acima, também desaparecerá com a morte, e portanto também desaparecem pensamentos, raciocínio, sentimentos.O desaparecimento do corpo, da memória e da consciência significa o desaparecimento do “eu”. Nada do que compõe o “eu” restará. Neste caso, sendo a alma, por definição, algo que resta após a morte, seja lá o que ela for, não será eu (hipótese II acima).

Conclusão

Alma não é vida, o que anima a matéria; não é a consciência; nem raciocínio, pensamento, sentimentos, personalidade. Não se identifica nada que pudesse se chamar de alma [7]. Ou tal coisa não existe ou, se existe, esta não sou eu, pois como foi visto, eu sou minha consciência e meu corpo.Não se pode afirmar, até o momento, que não existe nada após a morte, porém tudo indica que é esse o caso. Mas é fato que, mesmo que exista algo após a morte, sem a consciência não há a individualidade e nem existência. Se o “eu” não existir, é o fim de tudo, ao menos para o “eu”. Portanto, para todos os efeitos, a morte é o fim.




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domingo, 24 de agosto de 2008

Pensamentos


Refletir

- Há duas coisas infinitas: o Universo e a tolice dos homens. (Albert Einstein)

- A imaginação é mais importante que o conhecimento. (A. Einstein)

- O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim por aquelas que permitem a maldade. (Albert Einstein)

- Época triste a nossa... mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito! (A. Einstein)

- A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. (Albert Einstein)

- Procure ser uma pessoa de valor, em vez de procurar ser uma pessoa de sucesso. O sucesso é consequência. (Albert Einstein)

- Para cada coisa que acredito saber, dou-me conta de nove que ignoro. (Provérbio Árabe)

- O mundo me intriga e não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro (Voltaire)

- Tudo que existe tem uma causa.
O efeito nunca é superior à causa.
Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.(Allan Kardec)

- O acaso é, talvez, o pseudônimo de Deus, quando não deseja assinar.(Theophile Gautier)

- Eu não posso acreditar que Deus tenha escolhido jogar dados com o universo. A coisa mais incompreensível do universo é que ele seja compreensível.(Albert Einstein)

- Os milagres não acontecem em contradição com a natureza, mas só em contradição com o que sabemos da natureza.(Provérbio Chinês)

- Tudo o que sei é que nada sei(Sócrates)


- Espere o melhor, prepare-se para o pior e receba o que vier. (Provérbio chinês)

- A CIÊNCIA SEM RELIGIÃO É BURRA E A RELIGIÃO SEM CIÊNCIA É CEGA (Albert Einstein).

- Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão. (Lao-Tsé)

- Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência. (Arthur Schopenhauer)

- A humildade é uma coisa estranha. No momento em que achamos que a temos... já a perdemos. (autor anônimo)

- Se alguém está tão cansado que não possa te dar um sorriso, deixa-lhe o teu. (Provérbio Chinês)

- Uma mentira pode dar a volta ao mundo... enquanto a verdade ainda calça seus sapatos. (Mark Twain)

- Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra. (Mário Lago)

- Triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéia para mudar. (Francis Bacon)

- O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência. (Henry Ford)

- Só existem dois dias no ano em que você não pode fazer nada pela sua vida: Ontem e Amanhã. (Dalai Lama)

- Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém. Posso, apenas, dar boas razões para que gostem de mim e ter a paciência para que a vida faça o resto... (William Shakespeare)

- A vitória tem mais de uma centena de pais; a derrota, por outro lado, essa, é órfã. (John F. Kennedy)

- A descoberta consiste em ver o que todo mundo viu e pensar o que ninguém pensou. (A. Szent-Gyorgyi)

- O prêmio por uma coisa bem feita é tê-la feito. (R. W. Emerson)

- Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível. (São Francisco de Assis)

- Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendermos a conviver como irmãos. (Martin Luther King)

- A árvore quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira. (Provérbio árabe)

- Transformar 100 dólares em 110 é trabalho. Transformar 100 milhões de dólares em 110 milhões é inevitável. (E. Bronfman)

- A felicidade não esta em fazer o que a gente quer e sim em querer o que a gente faz. (Jean Paul Sartre)

- Copiar o bom é melhor que inventar o ruim. (Armando Nogueira)

- Não chame de honesto um homem que nunca teve a oportunidade de roubar. (Ditado judaico)

- Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos. (John F. Kennedy)

- A virtude da humanidade consiste em amar os homens; a prudência, em conhecê-los. (Confúcio)

- Os covardes morrem muitas vezes antes da morte, o valente experimenta o gosto da morte somente uma vez. (William Shakespeare)

- Aos ricos, o favor da lei; aos pobres, o rigor da lei. (José Rainha Jr.)

- Democracia neste país é relativa, mas corrupção é absoluta. (Paulo Brossard)

- Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado. (Provérbio árabe)

- O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio. (Maquiavel)

- Os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança. (W. Shakespeare)

- Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons. (Cícero)

- Quem quer colher rosas, deve suportar os espinhos. (provérbio chinês)

- O êxito consiste em alcançar o que se deseja; a felicidade, em desejar o que se alcança. (autor anônimo)

- Desistir é uma solução permanente para um problema temporário. (James MacArthur)

- Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço. (Carl Sagan)


Rir


- Errar é humano, mas para se fazer uma monstruosa cagada é preciso um computador. (Anônimo)

- Em 1990 percebi que o sistema comunista não resolveria os problemas do mundo. Em 2.000 desacreditei do sistema capitalista. Hoje não confio nem no sistema operacional. (Fogovivo)

- Preserve os gatos pingados. Afinal, eles são só meia dúzia. (Anônimo)

Não se ache horrível pela manhã: acorde ao meio dia!!! (Anônimo)

- Se um dia, a pessoa que você ama lhe trair, e você pensar em se jogar de um prédio, lembre-se: Você tem chifres, não asas... (Anônimo)

- Se cachaça fosse fortificante, o brasileiro seria um gigante. (Fogovivo)

- Gostaria de criar home pages, mas não sei o que elas comem. (Autor Anônimo)

- Está comprovado que doce não engorda... Quem engorda é você!!! (Anônimo)

- O dinheiro não tem a mínima importância, desde que a gente tenha muito. (Truman Capote)

- O pessimista se queixa do vento; o otimista espera que ele mude; o realista ajusta as velas do barco... (William George Ward)

- Dívida pra mim é sagrada! Que Deus lhe pague! (Anônimo)

- No fundo, no fundo, todo mundo é bom. Difícil é segurar os canalhas no fundo da piscina! (Frangonildo Barbosa)

- Em terra de cego, quem tem um olho... é estrangeiro! (Frangonildo Barbosa)

- Diplomata é um indivíduo cuja cor predileta é o arco-íris. (Millôr Fernandes)

- Sabe o significam quinhentos advogados no fundo do mar? Mais dignidade na Terra. (Danny de Vito - enviada por Lívia Bastos)
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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Anti-capitalismo.


Sabemos que o capitalismo não é um modo sensato de organizar a economia, e mais, o capitalismo corporativo predatório que define e domina as nossas vidas – será a nossa morte se não conseguirmos escapar dele, basicamente é um sistema:

(1) Desumano - Nas situações onde a competitividade e a agressão são recompensadas, a maioria das pessoas tende a demonstrar esse tipo de comportamento.

(2) Antidemocrático - O capitalismo é um sistema de concentração de riqueza. Concentrando-se a riqueza numa sociedade, concentra-se o poder.

(3) Insustentável - Capitalismo é um sistema baseado na idéia de crescimento ilimitado, porem, o planeta finito.

Metade da população do mundo vive com menos de 2 dólares por dia. São mais de 3.3 Bilhoes de pessoas, sobrevivendo na mais profunda miséria,
Será essa realmente a única opção?

Não, rejeitar e resistir ao capitalismo corporativo predatório não é loucura. É uma postura eminentemente sadia. Manter a nossa própria humanidade não é loucura. Defender a democracia não é loucura. E lutar por um futuro sustentável não é loucura.

Este é apenas um resumo sobre o que foi discutido no encontro "Last Sunday", em Austin, Texas, 29/04/2007, achei bem interessante os argumentos e pontos de vista, abaixo, o texto completo para quem quiser aprofundar-se neste assunto.

Robert Jensen é professor de jornalismo na Universidade do Texas, em Austin, e membro do conselho do Third Coast Activist Resource Center.



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Robert Jensen *

Sabemos que o capitalismo simplesmente não é o modo mais sensato de se organizar uma economia, mas que, agora, é o único modo possível de se organizar uma economia. Sabemos que os dissidentes dessa sabedoria convencional podem, e deveriam, ser ignorados. Não há mais nem sequer qualquer necessidade de se perseguirem tais heréticos; eles são, obviamente, irrelevantes.

Como sabemos isso tudo? Porque é isso que nos dizem, incansavelmente – geralmente, aqueles que têm mais a ganhar com essa pretensão, sobretudo os que fazem parte do mundo dos negócios e seus respectivos funcionários e defensores nas escolas, nas universidades, nos meios de comunicação de massas e na política convencional. O capitalismo não é uma escolha, mas simplesmente é, como um estado da natureza. Talvez não como um estado da natureza, mas como o estado da natureza. Hoje em dia, contestar o capitalismo é como discutir contra o ar que respiramos. Discutir contra o capitalismo, dizem­‑nos, é simplesmente uma loucura.

Dizem-nos, uma vez após outra, que o capitalismo não é apenas o sistema que temos, mas o único sistema que poderemos ter. Contudo, para muitos de nós, há algo que não convence nessa pretensão. Será essa realmente a única opção? Dizem-nos que nem sequer deveríamos pensar em tais coisas. Mas não podemos deixar de pensar – é esse realmente o “fim da história”, no sentido em que essa frase tem sido usada pelos “grandes” pensadores, para sinalizar a vitória final do capitalismo global? Se esse é o fim da história, nesse sentido, não podemos deixar de nos perguntar: pode o verdadeiro fim do planeta estar longe?

Reflectimos, ficamos inquietos, e esses pensamentos não nos convencem – por um bom motivo. O capitalismo – ou, mais exactamente, o capitalismo corporativo predatório que define e domina as nossas vidas – será a nossa morte se não conseguirmos escapar dele. Encontrar a linguagem apropriada para articular essa realidade é crucial para a política progressista, não em dogmas ultrapassados que alienam, mas em linguagem simples que encontra ressonância entre as pessoas. Deveríamos procurar novos modos de explicar aos colegas de trabalho, nas conversas informais – políticas radicais em menos de cinco minutos – por que devemos abandonar o capitalismo predatório corporativo. Se não fizermos isso, muito provavelmente enfrentaremos o fim dos tempos, e esse fim trará ruptura, e não êxtase ou arrebatamento.

Eis a minha tentativa para uma linguagem sobre este argumento.

O capitalismo é, reconhecidamente, um sistema incrivelmente produtivo que tem criado uma enchente de mercadorias, como nenhum outro sistema conhecido no mundo. É também um sistema basicamente (1) desumano, (2) antidemocrático e (3) insustentável. O capitalismo tem dado a quem está no Primeiro Mundo um montão de coisas (a maioria delas de valor marginal ou questionável) em troca das nossas almas, das nossas esperanças relativas às políticas progressistas e à possibilidade de um futuro decente para os nossos filhos.

Em poucas palavras, ou mudamos ou morremos – espiritualmente, politicamente, literalmente.

1. O CAPITALISMO É DESUMANO

Há uma teoria por trás do capitalismo contemporâneo. Dizem-nos que, porque somos animais gananciosos e egoístas, o sistema económico deve recompensar o comportamento ganancioso e egoísta, se queremos ter sucesso em termos económicos.

Somos gananciosos e egoístas? Claro. Pelo menos eu sou, às vezes. Mas também somos capazes igualmente de compaixão e comportamento desinteressado. Certamente podemos agir de modo competitivo e agressivo, mas também temos a capacidade de solidariedade e cooperação. Em síntese, a natureza humana abrange uma gama muito ampla de comportamentos. As nossas acções estão certamente enraizadas na nossa natureza, mas tudo o que sabemos sobre essa natureza é que ela é amplamente variável. Nas situações em que a compaixão e a solidariedade são a norma, tendemos a agir dessa forma. Nas situações onde a competitividade e a agressão são recompensadas, a maioria das pessoas tende a demonstrar esse tipo de comportamento.

Por que devemos escolher um sistema económico que mina os aspectos mais decentes da nossa natureza e fortalece os mais desumanos? Porque, dizem­‑nos, é assim que as pessoas são. Que evidência temos disso? Vejam como as pessoas se comportam, dizem­‑nos. Onde quer que olhemos, vemos ganância e perseguição dos interesses próprios. Então, a prova de que esses aspectos gananciosos e egoístas da nossa natureza são dominantes é que, quando forçados a um sistema que recompensa o comportamento ganancioso e egoista, as pessoas, com frequência, agem desse modo. Ora, isso não parece um círculo vicioso?

2. O CAPITALISMO É ANTIDEMOCRÁTICO

Esta é fácil. O capitalismo é um sistema de concentração de riqueza. Concentrando-se a riqueza numa sociedade, concentra-se o poder. Existe algum exemplo histórico do contrário?

Para todas as armadilhas da democracia formal nos Estados Unidos, todos compreendem que os ricos ditam as directrizes básicas das políticas públicas que são aceitáveis para a vasta maioria dos representantes governamentais eleitos. As pessoas podem resistir e resistem e, ocasionalmente, um político une­‑se à luta, mas tal resistência exige um esforço extraordinário. Aqueles que resistem conquistam vitórias, algumas delas inspiradoras, mas até à data a riqueza concentrada continua a dominar. É esse o modo de se fazer funcionar uma democracia?

Se compreendemos a democracia como um sistema que dá às pessoas comuns um modo significativo de participar na formação das políticas públicas, ao invés de conferir apenas um papel de endosso às decisões tomadas pelos poderosos, então é claro que capitalismo e democracia são mutuamente exclusivos.

Vamos falar concretamente. No nosso sistema, acreditamos que as eleições regulares, com a regra de uma pessoa/um voto, juntamente com as protecções da liberdade de expressão e de associação, garantem a igualdade política. Quando vou às urnas, tenho um voto. Quando o Bill Gates vai às urnas, ele tem um voto. O Bill e eu podemos ambos falar livremente e associarmo­‑nos aos demais para propósitos políticos. Portanto, como cidadãos iguais na nossa bela democracia, Bill e eu temos oportunidades iguais de exercermos os nossos poderes políticos. Certo?

3. O CAPITALISMO É INSUSTENTÁVEL

Esta é ainda mais fácil. O capitalismo é um sistema baseado na ideia de crescimento ilimitado. Na última vez que verifiquei, este é um planeta finito. Há só duas maneiras de sairmos disso. Talvez tenhamos a esperança de descobrir um outro planeta em breve. Ou talvez, como precisamos de imaginar modos de lidar com essas limitações físicas, inventaremos tecnologias cada vez mais complexas para transcendermos esses limites.

Mas ambas as posturas são igualmente ilusórias. As ilusões podem trazer consolos temporários, mas não resolvem os problemas. Na realidade, elas tendem a criar mais problemas, e esses problemas parecem estar a amontoar­‑se.

É claro que o capitalismo não é o único sistema insustentável que os humanos conceberam, mas é o sistema mais obviamente insustentável, e é aquele em que estamos entalados. É aquele que nos dizem ser inevitável e natural, como o ar.

O CONTO DE DOIS ACRÓNIMOS: TGIF E TINA

A famosa resposta da ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher a uma pergunta sobre os desafios do capitalismo foi TINA — There Is No Alternative [Não Existe Nenhuma Alternativa]. Se não existem alternativas, qualquer pessoa que questione o capitalismo é louca.

Outro acrónimo, mais comum, revelador da vida sob o capitalismo corporativo predatório é: TGIF — Thank God It’s Friday [Graças a Deus é Sexta-Feira]. É uma frase que comunica a triste realidade para muitos dos trabalhadores dessa economia – os trabalhos que fazemos não são recompensadores, não são gratificantes e, basicamente, não valem a pena serem feitos. Trabalhamos para sobreviver. Então, à sexta-feira, saímos e embebedamo­‑nos para esquecermos essa realidade, esperando encontrar alguma coisa durante o fim­‑de­‑semana que torne possível, na segunda-feira, conforme as palavras de um compositor, «levantarmo­‑nos e recomeçarmos tudo de novo».

É bom lembrar que um sistema económico não produz apenas mercadorias; produz pessoas também. A nossa experiência de trabalho molda­‑nos. A nossa experiência de consumir essas mercadorias molda­‑nos. Crescentemente, somos uma nação de pessoas infelizes que consomem milhas de corredores de mercadorias baratas, esperando placar a dor do trabalho frustrante. É essa pessoa que queremos ser?

Dizem-nos “Não Existe Nenhuma Alternativa” num mundo onde “Graças a Deus é Sexta-Feira”. Isso não parece um pouco estranho? Será mesmo que não existe alternativa a um mundo desses? Claro que há. Qualquer coisa que seja produto das escolhas humanas pode ser escolhido diferentemente. Não precisamos detalhar um novo sistema com todas as suas especificidades para percebermos que sempre existem alternativas. Podemos encorajar as instituições existentes que fornecem um sítio de resistência (como os sindicatos), enquanto experimentamos novas formas (como as cooperativas locais). Mas o primeiro passo é chamarmos o sistema por aquilo que ele é, sem garantias do que está por vir.

NO ÂMBITO DOMÉSTICO E INTERNACIONAL

No Primeiro Mundo, lutamos com essa alienação e medo. Frequentemente, não gostamos dos valores do mundo que nos cerca; com frequência, não gostamos das pessoas em que nos tornamos; muitas vezes temos medo do que está por vir. Mas no Primeiro Mundo, a maioria das pessoas come regularmente. E isso não acontece no mundo todo. Concentremo-nos não só nas condições que enfrentamos dentro do sistema corporativo predatório, vivendo no país mais rico em toda a história do mundo, mas coloquemos isso num contexto global.

Deixem-me voltar a um dado estatístico que referi no primeiro Last Sunday: metade da população do mundo vive com menos de 2 dólares por dia. São mais de 3 mil milhões de pessoas.

Eis outro dado estatístico que li recentemente: pouco mais de metade da população da África sub­­‑sahariana vive com menos de 1 dólar por dia. São mais de 300 milhões de pessoas.

Que tal mais um dado estatístico? Cerca de 500 crianças em África morrem de doenças associadas à pobreza, e a maioria dessas mortes poderia ser evitada com simples remédios ou redes tratadas com insecticidas. São 500 crianças – não por ano, não por mês, não por semana. Não são 500 crianças por dia. As doenças decorrentes da pobreza reclamam as vidas de 500 crianças por hora, em África.

Enquanto tentamos manter a nossa humanidade, estatísticas como essa podem deixar­‑nos loucos. Mas não venham com ideias loucas sobre mudar este sistema. Lembrem-se da TINA: não existe nenhuma alternativa ao capitalismo corporativo predatório.

TGILS: THANK GOD IT’S LAST SUNDAY [GRAÇAS A DEUS É O ÚLTIMO DOMINGO]

Reunimo­‑nos no Last Sunday justamente para sermos loucos juntos. Encontramo­‑nos para dar voz a coisas que sabemos e sentimos, mesmo quando a cultura dominante nos diz que acreditar e sentir essas coisas é loucura. Talvez todos aqui sejamos um pouco loucos. Então, certifiquemo-nos de estarmos a ser realistas. É importante ser realista.

Uma das respostas mais comuns que ouço quando critico o capitalismo é: “Bem, talvez tudo isso seja verdade, mas precisamos ser realistas e fazer o que é possível”. Por essa lógica, ser realista é aceitar um sistema que é desumano, antidemocrático e insustentável. Para ser realista, dizem-nos, devemos capitular perante um sistema que rouba as nossas almas, nos escraviza a um poder concentrado, e um dia destruirá o planeta.

Mas rejeitar e resistir ao capitalismo corporativo predatório não é loucura. É uma postura eminentemente sadia. Manter a nossa própria humanidade não é loucura. Defender a democracia não é loucura. E lutar por um futuro sustentável não é loucura.

O que é verdadeiramente loucura é crer na trapaça de que um sistema desumano, antidemocrático e insustentável – um sistema que deixa metade dos seres humanos do mundo na mais profunda miséria – seja tudo o que possa existir, tudo o que possa ser, tudo o que sempre será.

Se isso for verdade, então em breve não sobrará nada para ninguém.

Não acredito que seja realista aceitar tal destino. Se isso é ser realista, então direi que estou louco a qualquer dia da semana, a cada Domingo do mês.
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